A riqueza cultural de um povo tricentenário foi destaque no Sankofa Quilombola

Prefeitura realiza festival pela primeira vez na comunidade do Abacatal

28/11/2021 08h32 - Atualizada em 28/11/2021 23h36
Secom

Tranças afro podiam ser produzidas no eventoUm comunidade que respira história e fica há 8 km do centro de Ananindeua, em conexão total com a natureza. Um patrimônio cultural de mais de 300 anos onde vivem 165 famílias. 
Neste último sábado, dia 27, os moradores da Comunidade Quilombola do Abacatal em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura (Secult-Ananindeua) realizaram o primeiro festival cultural “Sankofa Quilombola”. 

O nome “sankofa” significa olhando pra trás para não esquecer de onde viemos. E é valorizando este povo tradicional que vive dentro da região metropolitana que toda a população deve olhar pra frente sem deixar de reconhecer suas raízes.

“A gente sabe da nossa história e queremos fazer com que as pessoas degustem um pouco também da nossa história, através dos nossos sabores, dos licores e da nossa arte. Esse evento é muito importante para o nosso território, é o primeiro, tomara que venham muito outros, porque pra nós está sendo muito bom, mostrar o que nós temos”, disse a moradora, Cristiane Maia.

O evento foi um dia inteiro de exposições artesanal e culinária, trilhas pela comunidade e apresentação musical.  Entre várias atrações de artistas locais, teve a apresentação da banda Toro Açu, que é da própria comunidade, e fez muita gente dançar carimbó. Além disso, também se apresentaram os grupos de capoeira quilombola e de dança Swing Quilombola. Uma programação diversa que contou ainda com vendas de várias peças e produtos artesanais de autoria dos próprios moradores, tais como camisas pintadas à mão com temáticas africanas e telhas decorativas; arte em bambu; e bebidas artesanais como os licores. 

"Sou artesã, juntamente com outras mulheres, a gente faz parte de um grupo chamado Iyá Pretas - Licor e Arte, e também faço parte de outro grupo que se chama Abacatarte, que trabalha com pinturas de camisas e telhas, tudo artesanal. A gente leva a resistência do nosso território, através da arte, através da culinária e dessa forma a gente joga para o mundo”, explicou Cristiane.

Secretário Municipal de Cultura, César Gaspar.Para o Secretário de Cultura de Ananindeua, César Gaspar, esta parceria é uma oportunidade pra dar visibilidade ao povo quilombola, conhecer um pouco da história do quilombo, sua vivência,cotidiano, o que eles têm de melhor dentro do empreendedorismo local. “É um incentivo cultural que a Prefeitura está realizando em parceria com a comunidade e dentro da comunidade. Porque na verdade a programação é deles, foi colocada por eles, sentamos, dialogamos. A comunidade de Abacatal merece ter um olhar mais especial”, enfatizou. 

Também teve venda de produção da agricultura local (tucupi, farinha, goma de tapioca, maniva e urucú) e atividades para as crianças, desfile de beleza e moda Quilombola e excursão por todo o território. 

“Para nós todos os moradores do território, é ver toda a importância que a gestão pública está dando para as nossas lutas e para nossos movimentos. Porque é a primeira edição que está acontecendo dentro do território, então isso é uma grande conquista, pois nunca houve um evento desse porte aqui dentro. Nós fazemos as nossas internas, mas desse tamanho nunca tinha acontecido. O sentimento que tenho hoje é de alegria, de gratidão pelo empenho de toda as equipes. A gente quer que Ananindeua conheça e respeite as nossas tradições e culturais”, ponderou Thamires Cardoso, coordenadora da Associação dos Moradores e Produtores Quilombola de Abacatal - Sítio Bom Jesus.

Jogos no quilombo

Tiro ao alvo com baladeira virou competição no Jogos do Quilombo“Já participei do futebol, não tive muito sucesso, perdemos. mas o meu masculino ganhou duas medalhas.Sou a que mais colocou time nos jogos, coloquei de criança, de jovens, feminino, de todas as categorias. Estou muito contente pela nossa comunidade estar passando por este momento”, disse a quilombola Ângela Silva, de 32 anos, que nasceu e mora no Abacatal e nunca tinha visto um evento esportivo da Prefeitura de Ananindeua sendo realizado dentro da comunidade. 

O Festival esportivo “Jogos no Quilombo” também foi realizado, neste sábado, 27, pela Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude ( SELJ) promoveu a integração social na Comunidade Quilombola do Abacatal.

Segundo o Secretário de esporte de Ananindeua, Jami Leite, além de integrar a comunidade como um todo, foi importante para valorizar as tradições locais de um povo com mais de 300 anos de existência.

Secretário de Esporte, Lazer e Juventude, Jami Leitte, premia vencedoras de competição“Mesclamos as modalidades, conforme a cultural local, além do esporte convencional,  tivemos modalidades que foram esportivizadas pelos próprios moradores, como por exemplo, a subida no açaizeiro, o tiro ao alvo com baladeira, o pau de sebo, a queimada e o dominó”, explicou Jami Leite.

“Só tenho a agradecer à prefeitura. Estou muito feliz em ver principalmente nosso povo se divertindo, aproveitando”, disse Ângela.

“a integração entre a comunidade quilombola e o poder público é, sem sombra de dúvidas, muito enriquecedor pra nossa gestão e pro fomento do esporte no município”, reiterou o Secretário. 

Cultura, Esporte e Lazer em comunidades tradicionais

Em setembro deste ano, a Prefeitura de Ananindeua também realizou pela primeira vez uma grande programação cultural e de modalidades esportivas nas ilhas do município. As Secretarias Municipais de Cultura (Secult Ananindeua) e de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ) promoveram os eventos na ilha de João Pilatos, onde foi feita a integração com comunidades de nove ilhas da região.

O Quilombo fica há 8km do centro de Ananindeua