Município de Ananindeua realiza o I Encontro dos Povos de Matriz Africana

Um dos principais objetivos do encontro foi o combate da discriminação

22/10/2021 10h44
Secom

Um marco histórico ocorreu nesta sexta-feira, 22, no município de Ananindeua para a comunidade matriz africana: o I Encontro Metropolitano dos Povos Tradicionais de Matriz Africana do Pará foi realizado  no auditório da Secretaria Municipal de Educação. Promovido pela Secretaria Municipal de Gestão de Governo (Segov) e Coordenadoria Municipal de Políticas de Igualdade Racial (COMPIR), o encontro teve como principal objetivo fortalecer esses povos na sociedade, debatendo ideias que possam criar políticas públicas para o combate da desigualdade racial e da intolerância religiosa.

"Como há uma discriminação histórica, é importante o município promover o fortalecimento dos povos de matriz africana e consigamos combater a questão da desigualdade e da intolerância religiosa na nossa sociedade. Nesse encontro surgiram ideias que a gente possa, não apenas estar cobrando das entidades civis como também tentando com que a própria prefeitura possa estar ajudando esse povo em algumas questões”, enfatizou o secretário de gestão de governo Hugo Atayde. 


O quilombo do Abacatal fez com que o município se tornasse referência para toda a região norte na promoção de igualdade racial, pois possui uma frente parlamentar de igualdade racial, coordenadoria municipal de igualdade racial e conselho municipal de promoção de igualdade racial onde todos realizam o controle social, constroem políticas e propõem para que o executivo encaminhe ações voltadas contra o racismo e a intolerância religiosa na sociedade civil, além de levar assistência médica, cestas básicas, atendimento de CRAS e assessoria jurídica à esses povos. 

"Estamos na década dos afrodescendentes, então estamos cumprindo uma agenda de combate de discriminação racial dentro de um marco legal histórico. E esse primeiro encontro é de extrema importância para Ananindeua, que é referência na promoção de igualdade racial para toda a região norte. Temos uma comunidade quilombola no nosso município, então está aí a importância de termos grandes referências na promoção da igualdade racial. Agradecemos muito ao nosso gestor que tem permitido que essa política aconteça por meio da Secretaria de Governo, que está junto com a gente nesta jornada de construção no combate contra a discriminação”, pontuou a coordenadora do COMPIR, Byany Sanches. 

Ela ressalta ainda que “o objetivo é debater com os atores da pauta que são povos tradicionais de matriz africana as políticas públicas, como acessar políticas que combatem a intolerância religiosa que possam estar trazendo ações que venha com um olhar de sensibilidade para dentro da nossa comunidade que é tão discriminada, que é tão atacada”, finalizou.  

Para Fernando Cabral Abalarife, da Comunidade Ilê Axé Omim Odô Atalarife, do bairro do Curió Utinga, esse encontro foi importante para combater a intolerância religiosa na sociedade e poder frequentar os espaços do poder público, onde ganharão voz para criarem políticas contra o racismo também.   

"Esse encontro dentro do município de Ananindeua é muito importante para nós, que é uma religião ainda muito discriminada e não aceita por nossos irmãos. Então hoje debatemos sobre a intolerância religiosa dentro dos terreiros de matrizes africanas. Foi uma oportunidade para que possamos adentrar no espaço do poder público, nem todos têm a oportunidade de estar participando de um evento assim em razão da discriminação religiosa, o preconceito é muito grande. Cada um tem sua fé, creia no que lhe fortalece, basta você ter fé que ela te alimenta”, ponderou o religioso. 

“Necessitamos de respeito, cultuamos Deus e queremos deixar isso bem claro para a sociedade. E nesse encontro tivemos a oportunidade de mostrar isso. Sabemos das dificuldades do reconhecimento que sendo afros temos, somos uma religião que sofre maior intolerância, maior racismo no Brasil, então é muito importante esse encontro. Seria bom que cada município tivesse um encontro desse de conscientização. Adquirimos muitos conhecimentos por meio das palestras. Viemos não somente deixar, mas buscar conhecimentos de outras comunidades”, finalizou Carlos de Nazaré, conhecido como o pai de santo Hunjai Oyá Somí Kâmborê, da Casa de Tambor de Mina Nação Nagô Estrela Dalva, no Paar. 

Após o encontro, que contou com apresentações das comunidades da matriz africana, palestras e rodas de conversas, será criado uma comissão de monitoramento das casas de matrizes para que se possa estar levando ao Ministério de Direitos Humanos da Mulher e da Cidadania, propostas que auxiliem essas casas, como por exemplo a criação de um auxílio onde eles poderão suprir suas necessidades causadas pela pandemia.