A cada mil adolescentes, 53 engravidam nesta fase da vida

Gravidez na adolescência: um tema que precisa ser discutido

17/02/2025 11h52 - Atualizada em 17/02/2025 12h18
Secom


Informação, orientação e apoio.Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) afirma que no Brasil, a cada mil adolescentes, 53 engravidam nesta fase da vida. No Brasil, as regiões norte e nordeste registram as maiores taxas de gravidez na adolescência, com 21,3% e 16,9%, respectivamente, de acordo com o Ministério da Saúde.

Para enfrentar essa realidade, a Prefeitura de Ananindeua, por meio da Secretaria de Cidadania, Assistência Social e Trabalho (Semcat), tem promovido uma série de atividades educativas com adolescentes atendidos pelos dez Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). O objetivo é fornecer informação, orientação e apoio para que os jovens possam tomar decisões mais seguras sobre sua saúde sexual e reprodutiva.

Na última sexta-feira (14), a comunidade de Igarapé Grande, na Ilha João Pilatos, recebeu a equipe do CRAS Curuçambá para um encontro especial. A ação incluiu roda de conversa e relatos de experiências, abordando temas como projetos de vida, educação sexual e prevenção à gravidez na adolescência.

Titular da Semcat, Francy Pereira.A titular da Semcat, Francy Pereira, reforçou a importância da iniciativa. “Quando eu tinha 15 anos, engravidei do meu namorado e que hoje é meu marido. Ele assumiu toda a responsabilidade, na época, mas sabemos que essa não é a realidade de todos. Ainda assim, eu tive que parar os estudos e cuidar do meu filho, muito tempo depois eu retornei aos estudos, fiz faculdade, com muita dificuldade, pois tinha que cuidar da casa, do meu filho e dar assistência ao meu marido. Quando engravida na adolescência, a jovem acaba quebrando parte de sua vida. Tive que assumir essa responsabilidade muito cedo. Viver todas as etapas como devem ser vividas é importante”.

E continuou. “Nosso objetivo é oferecer aos jovens informações confiáveis e orientações que os auxiliem a tomar decisões responsáveis sobre sua saúde sexual e reprodutiva, garantindo que possam planejar seu futuro com segurança.”Coordenadora do CRAS Curuçambá, Joicilene Barradas.

A coordenadora do CRAS Curuçambá, Joicilene Barradas, destacou o compromisso da equipe. “Estamos empenhados em criar um espaço acolhedor onde os adolescentes se sintam à vontade para discutir suas dúvidas e preocupações, promovendo o diálogo aberto e a conscientização.”


Roda de conversa com a psicóloga, Evelyn Torres.Durante a roda de conversa, a psicóloga do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) II, Evelyn Torres, compartilhou. “Hoje falamos sobre os impactos gerados dentro de uma gravidez precoce. Impactos psicológicos, como a ansiedade, o estresse, o isolamento, além do preconceito e as dificuldades de acessar a escola depois da gravidez. Também conversamos sobre o fortalecimento dos vínculos familiares, seja da adolescente com seus pais ou da adolescente com a criança que está sendo gerada. Escolhemos abordar esses temas porque frequentemente atendemos adolescentes no CREAS, casos de jovens não aceitarem o filho, de não aceitarem a nova realidade e gerar uma depressão pós-parto”.

Representantes do Conselho Tutelar também enfatizaram a necessidade de fortalecer o diálogo com os jovens, garantindo que tenham acesso à informação e aos serviços de apoio oferecidos pelo município.

Luiz Otávio entende que a responsabilidade não é só da menina.Na ação, os jovens puderam expressar suas percepções sobre o tema. Luiz Otávio, de 17 anos, comentou. “Entendi que a responsabilidade não é só da menina, os meninos também têm responsabilidade. Quando engravida, atrapalha os estudos, porque tem que cuidar da criança. Para não engravidar, temos que usar preservativo”.

Erika Thaís dá um conselho para não parar os estudos.Erika Thaís, aluna da escola municipal Domiciano de Farias, compartilhou. “Essas atividades são muito boas, pois as consequências de uma gravidez precoce ficam para o resto da nossa vida. Quando engravidei, tive que parar os estudos, agora que estou voltando, mas é muito difícil, porque preciso ficar de olho nela e no que o professor está falando. Se eu pudesse deixar um recado, diria para terminar os estudos, fazer uma faculdade, ter uma vida estável e depois pensar em ter filho”.

A campanha de prevenção à gravidez na adolescência foi inserida no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por meio da Lei 13.798, de 3 de janeiro de 2019. Para participar das programações, basta procurar o CRAS mais próximo, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.