Movimento Antimanicomial.Já ouviu falar no Movimento da Luta Antimanicomial? ​Ele se caracteriza pela luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental. Dentro dele, está o combate à ideia de que se deve isolar a pessoa com sofrimento mental em nome de pretensos tratamentos - ideia baseada apenas nos preconceitos que cercam a doença mental.

Uma vez que o Dia Nacional da Luta Antimanicomial é comemorado dia 18 de maio, a Prefeitura de Ananindeua, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), realizou programação com diferentes atividades alusivas à data e à temática durante este mês.

Gisele Castro e Wallace Gomes, vencedores do concurso de poesias.Começando por uma capacitação para apresentação do fluxo e Nota Técnica da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) no dia 7 de maio e perpassando por diversas oficinas e atividades artístico-culturais destinadas a pacientes e familiares de pacientes atendidos nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ao decorrer do mês. 

No CAPS III, que atende adultos, os pacientes puderam participar de oficinas variadas sobre a construção de cartazes com o tema liberdade de expressão, e também o aprendizado teórico e prático sobre poesias e pinturas em tela, no período entre os 17 e 23 de Maio, com culminância no dia 24 (sexta-feira).

Gisele Castro, 41, e Wallace Gomes, 26, atendidos no CAPS III de Ananindeua , participaram das oficinas e foram os vencedores do concurso de poesias.

Gisele Castro, diz que é bem recebida no CAPS III.“Eu fiz um poesia sobre as enchentes no Rio Grande do Sul. Sobre as pessoas que perderam suas casas, perderam seus familiares. Foi muito triste”, contou Gisele Castro. Ela relatou ainda: “essa questão antimanicomial é realmente uma luta, porque muita gente pensa que quando a gente tá em tratamento a gente é louco, mas não é isso. Desde que eu cheguei aqui no CAPS III, eu já melhorei muito. Todos os funcionários me tratam bem aqui. É um refúgio”. 

Wallace Gomes e suas vivências pessoais.Já a poesia de Wallace Gomes foi baseada em suas vivências pessoais: “falei sobre mim e sobre aqui no CAPS III, porque eles são muito acolhedores. Um lugar em que eu não me sinto julgado, nem discriminado. Então, na minha poesia eu falo sobre aqui ser o lugar mais seguro que tem, de acolhimento”.

Gerente do CAPS III, Rosalina Costa, reflete: “a Prefeitura de Ananindeua e a Secretaria Municipal de Saúde vêm abraçando essa causa a muito tempo e a saúde mental dos nossos pacientes só vem evoluindo a cada momento”. 

No CAPSi, que atende crianças e adolescentes e seus familiares, a programação alusiva ao tema ocorreu no dia 20 de Maio, quando houve a exibição do filme “Mentes Brilhantes” (2002), dirigido por  Ron Howard, nos turnos manhã e tarde. Além da sessão de cinema, foi feita uma roda de conversa entre pais, mães, psicólogas e assistentes sociais, que refletiram acerca do assunto do filme e da luta antimanicomial.

Jocely Barata, coordenadora do CAPSi, destacou: “a importância de estarem no ceio da família, serem cuidados por seus familiares e pela equipe multi do CAPSi, no qual o sucesso é mais visível e rápido para a terapia das crianças a serem inseridas na sociedade”. 

Luta antimanicomial, direito a viver em sociedade e o direito à liberdade (pintura dos pacientes do CPSi).História 

“O Movimento da Reforma Psiquiátrica se iniciou no final da década de 1970, em pleno processo de redemocratização do país, e em 1987, tiveram dois marcos importantes para a escolha do dia que simboliza essa luta: o “Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental”, em Bauru/SP, e a “I Conferência Nacional de Saúde Mental”, em Brasília”, é o que informa o Ministério da Saúde. 

“Quando diferentes categorias profissionais, associações de usuários e familiares, instituições acadêmicas, representações políticas e outros segmentos da sociedade questionaram o modelo clássico de assistência centrado em internações em hospitais psiquiátricos, denunciaram as graves violações aos direitos das pessoas com transtornos mentais e propuseram a reorganização do modelo de atenção em saúde mental no Brasil a partir de serviços abertos, comunitários e territorializados, buscando a garantia da cidadania de usuários e familiares, historicamente discriminados e excluídos da sociedade”, explica o Ministério da Saúde.

Tatiana Maciel, coordenadora de saúde mental da Diretoria Técnica da SESAU Ananindeua, faz uma reflexão: “o Movimento da Luta antimanicomial nos lembra que todos nós temos direitos, que devem ser garantidos enquanto cidadãos, como o direito a viver em sociedade e o direito à liberdade, mas também o direto a receber cuidado e tratamento sem perder o seu direito enquanto cidadão”. 

Atendimentos voltados à saúde mental.Atendimentos 

Para atendimentos no CAPSi, CAPS III e demais unidades de saúde municipais voltadas à saúde mental, o primeiro passo é procurar atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. É por meio das UBSs que você consegue o encaminhamento para atendimentos mais específicos relacionados à saúde mental e demais serviços.